Ser obeso mórbido quadruplica o risco de dor nas costas
Obesos mórbidos têm quatro vezes mais risco de terem dor nas costas, mas a adição de apenas 20 minutos de exercício leves, todos os dias, pode reduzir esse risco em 32%. É o que defende os autores de um estudo, apresentado durante a Reunião Anual da Sociedade Norte-Americana de Coluna.
A pesquisa, – “Does Physical Activity Influence the Relationship Between Low Back Pain and Obesity?” – recebeu o prêmio do mais proeminente estudo de 2013, conferido pelo The Spine Journal, a maior e mais importante publicação sobre coluna no mundo.
“Historicamente, os especialistas em coluna vertebral têm dito aos pacientes com sobrepeso e obesos que eles devem perder de peso e aumentar sua carga de exercícios físicos para reduzir o risco de dor nas costas. Este novo estudo é mais preciso: fornece os dados concretos para que os profissionais de saúde possam colocar mais peso por trás de suas palavras ao fazer estas recomendações para seus pacientes”, observa o neurocirurgião Cezar Augusto de Oliveira (CRM-SP 123.161).
Para chegar a esse nível de precisão, os pesquisadores realizaram um estudo de base populacional transversal com 6.796 adultos americanos que integravam uma pesquisa anterior, feita em 2003-2004: a National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES).
Dentre os participantes desta pesquisa nutricional foi determinado o estado de dor lombar (LBP) por meio de um questionário. O IMC foi calculado durante exame físico e os participantes foram divididos em quatro grupos (peso normal, com IMC entre 20-25; sobrepeso, IMC entre 26-30; obesos, com IMC entre 31-35; obesos mórbidos, com IMC maior que 36). A prática da atividade física também foi monitorada.
Os pesquisadores concluíram que na população estudada, o menor risco de dor lombar estava no grupo com IMC normal: 2,9%; o risco de 5,2% de dor surge para o grupo com sobrepeso; de 7,7% para obesos e de 11,6% para obesos mórbidos.
“Dentre os achados da pesquisa, fumar é consistentemente o mais forte preditor de dor lombar em todos os espectros de IMC. O exercício físico também modula esses riscos. No modelo geral, os melhores preditores de LBP estão entre os que praticam a atividade física de forma moderada e alta. Quando os participantes são divididos apenas pelo IMC, o tempo gasto em atividades sedentárias e em atividades físicas moderadas demonstra maior influência sobre o estado de LBP nos grupos de participantes com sobrepeso, obesos e obesos mórbidos”, explica Cezar Oliveira, que também é membro da Sociedade Brasileira de Coluna.
“Analisando as informações encontradas, a melhor notícia trazida pelo estudo é que grandes ganhos podem ser adquiridos por meio de mudanças modestas na forma de praticar a atividade física”, defende o neurocirurgião.
Segundo os autores do estudo:
- Quando uma pessoa acima do peso deixa de ser sedentária e começa a se exercitar (incluindo uma atividade física muito leve, como dobrar roupas ou andar devagar) ela permanecerá ativa, em média, por 1 hora e 53 minutos. Basta estender esta média por sete minutos, ou seja, a duas horas, para reduzir o risco de dor nas costas em 17%;
- Para a pessoas com excesso de peso, aumentar a quantidade de tempo de uma atividade física moderada (caminhada, hidroginástica, andar de bicicleta, dança de salão e jardinagem) por mais de 20 minutos / dia pode reduzir o risco de dor lombar em 32%;
- Exigir um pouco mais de si numa sessão de exercícios é muito benéfico. Para as pessoas que são obesas mórbidas, a duração média de tempo gasto para fazer uma atividade moderadamente intensiva (caminhada, hidroginástica, andar de bicicleta, dança de salão e jardinagem) foi de 1,3 minutos. Estender este tempo médio por pelo menos um minuto adicional a cada vez que o exercício é realizado reduz as chances de ter dor nas costas em 38%.