Estenose espinhal: doença que afeta a coluna à medida que envelhecemos

A estenose espinhal é um estreitamento da coluna vertebral que causa uma pressão sobre a medula espinhal ou um estreitamento das aberturas (chamadas de forame neural) onde os nervos espinais deixam a coluna espinhal. Este estreitamento pode acontecer na coluna cervical (pescoço), na coluna lombar (lombalgia) e muito raramente na coluna torácica (região torácica).

“A idade média de início dos sintomas da estenose degenerativa é de 60 anos. Os homens são atingidos duas vezes mais que as mulheres. A estenose primária ou congênita pode se apresentar até os 30 anos de idade. O risco dos sintomas aparecerem aumenta com a idade por causa da sobreposição de alterações degenerativas associadas ao envelhecimento. Indivíduos com osteoartrose, artrose, escoliose, nanismo, espondilolistese e doença de Paget apresentam um risco aumentado de desenvolvimento de estenose espinhal”, afirma o neurocirurgião Cezar Augusto Oliveira (CRM-SP 123.161), especialista em coluna.

A seguir, o médico esclarece as principais dúvidas sobre a doença:

01) Quais são as causas mais comuns para o aparecimento da estenose espinhal?

Dr. Cezar Oliveira – A estenose espinhal geralmente ocorre em decorrência do envelhecimento, quando os discos ficam mais secos e começam a crescer demais. Ao mesmo tempo, os ossos e ligamentos da espinha engrossam ou ficam maiores devido à artrose ou a um outro inchaço/inflamação de longo tempo. Além da idade, a estenose espinhal também pode ser provocada por:

  • Artrose da espinha, geralmente em idosos;
  • Doenças nos ossos, como a Doença de Paget ou a acondroplasia (forma mais comum de nanismo rizomélico);
  • Defeito ou crescimento na espinha que estava presente desde o nascimento (defeito congênito);
  • Hérnia de disco, que muitas vezes aconteceu no passado;
  • Lesão que provoca pressão sobre as raízes do nervo ou da medula espinhal;
  • Tumores na espinha.

02) Como a doença é diagnosticada?

Dr. Cezar Oliveira – Durante o exame físico, o médico tenta encontrar o local da dor e descobrir como ela está afetando os movimentos do idoso. Para isso, ele vai pedir que o paciente:

  • Sente, fique de pé e caminhe nas pontas dos pés e depois nos calcanhares;
  • Se curve para frente, para trás e para o lado;
  • Levante as pernas retas enquanto estiver deitado. Se a dor for pior quando o idoso fizer esse exercício, ele pode ter dor no nervo ciático, especialmente se sentir dormência ou formigamento em uma das pernas.

Durante este exame, o médico também vai movimentar as pernas do idoso em posições diferentes, inclusive dobrando e esticando os joelhos. Ao mesmo tempo, irá verificar sua força e capacidade de se movimentar. Para testar a função nervosa, o médico usará um martelo de borracha para verificar os reflexos do idoso. Para testar a sensibilidade, tocará suas pernas em muitos lugares usando um alfinete, um cotonete ou uma pena. Um exame neurológico pode confirmar a fraqueza das pernas e a diminuição da sensibilidade dos membros. Neste sentido, alguns exames podem ser feitos, como uma ressonância magnética da espinha, uma tomografia computadorizada da espinha e/ou ainda um raio X da coluna.

03) Quais são os principais sintomas da estenose espinhal?

Dr. Cezar Oliveira – Os sintomas da doença pioram lentamente com o tempo. Mais frequentemente, os sintomas são de um lado do corpo ou do outro, mas podem envolver ambas as pernas. Dentre os sintomas mais comuns, destacam-se dormência, cãibras, dor nas costas, nas nádegas, nas coxas ou panturrilhas, no pescoço, nos ombros ou braços, além de fraqueza em parte da perna ou do braço. A ocorrência dos sintomas e seu agravamento são mais prováveis de acontecer quando o idoso fica de pé ou anda. Muitas vezes, os sintomas diminuem ou desaparecem quando o paciente senta ou curva-se para frente. A maioria das pessoas com estenose espinhal não consegue andar por muito tempo. Sintomas mais sérios da doença podem incluir dificuldades ou falta de equilíbrio para andar e problemas para controlar a urina ou os movimentos intestinais.

04) Como é feito o tratamento da estenose espinhal?

Dr. Cezar Oliveira – O principal objetivo do tratamento da estenose espinhal é controlar a dor do idoso e mantê-lo ativo. Assim, de acordo com cada caso, é possível indicar fisioterapia, massagem, acupuntura, bolsas de gelo, terapia térmica, alguns medicamentos para dores crônicas e até mesmo terapia, que pode ser útil se a dor estiver causando sérios impactos na qualidade de vida do idoso. Se a dor não responder a esses tratamentos ou se o paciente apresentar perda de movimento ou de sensibilidade, uma cirurgia pode ser indicada. A cirurgia é feita para aliviar a pressão nos nervos ou na medula espinal. O médico pode optar pela cirurgia quando os sintomas da estenose espinhal se agravam muito. Dentre as técnicas disponíveis destacam-se a foraminotomia, a laminectomia e a fusão espinhal.

05) Qual o prognóstico da estenose espinhal?

Dr. Cezar Oliveira – Muitas pessoas com estenose espinhal conseguem ser ativas por muitos anos, embora possam precisar fazer algumas alterações em suas atividades diárias ou de trabalho. A cirurgia de coluna muitas vezes alivia os sintomas parcialmente ou totalmente. Contudo, pacientes que já vinham sofrendo de dor na coluna há muito tempo, antes da cirurgia, ainda têm probabilidade de ter alguma dor depois do ato cirúrgico. A fusão espinhal nem sempre elimina toda a dor e os outros sintomas. Novos problemas de coluna são possíveis após a cirurgia. A área da coluna vertebral acima e abaixo da fusão espinhal tem maior probabilidade de ser forçada quando a espinha se movimenta. Se o paciente precisar de mais de um tipo de cirurgia na coluna (como laminectomia e fusão espinhal), ele terá mais probabilidades de apresentar problemas futuros.

FONTE: JORNAL DO BRASIL

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