Cirurgia de coluna minimamente invasiva x cirurgia tradicional
Conversamos com o neurocirurgião Cezar Augusto de Oliveira (CRM-SP 123.161), especialista em coluna, para avaliarmos os prós e os contras sobre o emprego das técnicas minimamente invasivas nas cirurgias de coluna. Confira:
01)Os resultados clínicos são semelhantes entre as duas técnicas: Já contamos com uma vasta gama de estudos científicos mostrando que as técnicas minimamente invasivas podem ter resultados iguais ou melhores do que as técnicas cirúrgicas tradicionais, mas os resultados dependem do nível de habilidade do cirurgião e da seleção dos pacientes.
“Técnicas minimamente invasivas exigem uma curva de aprendizagem e cirurgiões com mais experiência são mais suscetíveis a alcançar melhores resultados”, explica Cezar Oliveira, que também é membro da Sociedade Brasileira de Coluna. Entre os cirurgiões mais experientes, as técnicas minimamente invasivas são escolhas frequentes por serem responsáveis por:
• Menos perda de sangue;
• Baixas taxas de infecção;
• Menos dores para os pacientes;
• Mais rápida deambulação do paciente e retorno ao trabalho.
Kern Singh, um dos fundadores do Minimally Invasive Spine Institute at Rush, realizou um estudo comparando os procedimentos de coluna minimamente invasivos com os tradicionais. Ele descobriu que a cirurgia da coluna tradicional leva cerca de três horas e inclui uma perda de sangue entre 400-500 ml em comparação com o procedimento minimamente invasivo, que dura cerca de 75 minutos e tem em torno de 40-50 ml de perda de sangue.
02) Os custos dos procedimentos minimamente invasivos geralmente são mais baixos: Os custos gerais dos procedimentos minimamente invasivos são significativamente mais baixos do que os custos das cirurgias tradicionais quando os pacientes são bem selecionados.
“Procedimentos menos invasivos podem ser realizados em ambiente ambulatorial, incluindo o centro de cirurgia ambulatorial, que normalmente envolve menos custos com internações hospitalares. Eliminar o tempo de internação hospitalar e diminuir o risco de complicações e re-operações cria uma significativa economia de custos para os procedimentos da coluna vertebral”, diz o neurocirurgião.
Um estudo de 2012, publicado no Journal of Spinal Disorders and Techniques, comparou os resultados de pacientes submetidos a fusões lombares posteriores minimamente invasivas ou abertas. Os pacientes submetidos aos procedimentos minimamente invasivos tiveram menor tempo de internação e os custos médios menores.
03) Novas técnicas minimamente invasivas têm respaldo baseado em evidências: “Diversos trabalhos científicos, publicados ao longo dos últimos anos, apoiam a ampla adoção das novas técnicas minimamente invasivas, como a cirurgia da coluna lateral e as substituições de disco. Dados dos últimos cinco anos para a substituição de disco cervical mostram resultados bons ou melhores, a longo prazo, quando comparados com a artrodese (fusão espinhal)”, informa Cezar Oliveira.
Estudos comparando a eficácia dos procedimentos laterais para a cirurgia de coluna com outras técnicas de cirurgia aberta mostram que a abordagem é eficaz para vários procedimentos.
04) A exposição à radiação é superior para procedimentos minimamente invasivos, mas as inovações mercadológicas vem promovendo o aprimoramento da técnica. A maioria das técnicas cirúrgicas minimamente invasivas da coluna usa a fluoroscopia, que aumenta a exposição do cirurgião e do paciente à radiação.
Um estudo publicado, em 2013, no Spine, descobriu que cirurgiões de coluna que realizam procedimentos de discectomia lombar endoscópica percutânea atingem o limite de exposição à radiação permitida, sem um avental de chumbo, após 219 discectomias lombares por ano. Cirurgiões com o avental são capazes de realizar 5.379 procedimentos por ano com segurança.
“Novas tecnologias e técnicas estão sendo desenvolvidas para resolver esse problema. Um estudo publicado, neste ano, mostra que a orientação robótica reduz o tempo do procedimento e a exposição à radiação em 74%, quando comparada com a orientação por fluoroscopia”, diz Oliveira.
05) A cirurgia da coluna aberta continua a ser o padrão-ouro: Mas no mundo todo, cada vez mais, os cirurgiões de coluna estão adotando as técnicas minimamente invasivas.
“Residentes e estudantes de medicina continuam aprendendo os procedimentos abertos e, em seguida, precisam buscar o aperfeiçoamento nas técnicas menos invasivas. Os programas de bolsas de estudos e de residência estão lutando para garantir que seu corpo docente e formandos tenham mais experiência com técnicas minimamente invasivas, visto que a nova tecnologia se torna disponível para tratar até os casos mais complexos”, informa o neurocirurgião Cezar Augusto de Oliveira.