Dúvidas do paciente quando o assunto é a cirurgia minimamente invasiva da coluna

As pessoas têm tanto medo de serem informadas de que precisam de uma cirurgia de coluna que chegam a não buscar ajuda, mesmo a mais básica, para a dor nas costas. As informações são de uma pesquisa on-line – “9 for Spine” –  realizada pela Sociedade Norte-Americana de Coluna.

De acordo com o levantamento, diversos mitos e um medo desnecessário da cirurgia de coluna impedem as pessoas de buscar tratamento adequado, mesmo os mais conservadores, para tratar as dores nas costas. “Considero relevante a análise dos dados revelados pela pesquisa porque, na verdade, a cirurgia de coluna não é a primeira opção terapêutica para tratar a dor na coluna. Tanto nos Estados Unidos, como no Brasil, o medo é um sentimento muito associado às cirurgias de coluna”, afirma o neurocirurgião Cezar Augusto de Oliveira (CRM-SP 123.161).

Na verdade, a grande maioria das pessoas – cerca de 90% delas – que sofre com dor nas costas vai melhorar sem tratamento ou por meio de tratamentos conservadores, como o uso de medicamentos anti-inflamatórios, prática de exercícios físicos orientados e fisioterapia. “A cirurgia da coluna é recomendada em cerca de 1% dos casos, com diagnósticos muito específicos. E isso depois que tratamentos mais conservadores já foram tentados”, esclarece Cezar Oliveira.

Apesar dos fatos, as preocupações dos pacientes em relação a uma potencial cirurgia de coluna foram mencionadas muitas vezes durante a pesquisa. 66,5% dos especialistas que participaram do levantamento ​​acreditam que o medo de potenciais tratamentos, incluindo a cirurgia, impede os pacientes de procurar ajuda para a dor nas costas. Segundo os que responderam a pesquisa, muitos pacientes acreditam no mito de que “uma vez que você fez uma cirurgia de coluna, você está predestinado a fazer múltiplas cirurgias da coluna na vida”.

Ainda de acordo com os dados apurados, os pacientes também acreditam no mito de que “há um alto risco de paralisia nas cirurgias da coluna”. Um número surpreendentemente elevado de pacientes (12,7%) relatou esperar mais de 90 dias, a partir do início de sua dor nas costas, para procurar ajuda de um especialista em coluna, tempo muito maior que o recomendado: entre 4 e 6 semanas.

Cirurgias minimamente invasivas de coluna

“Penso que a difusão das técnicas minimamente invasivas de cirurgia de coluna pode contribuir muito para vencer esse ‘medo’ da população. Usando técnicas inovadoras, tecnologia de ponta e medicina baseada em evidências, a cirurgia da coluna minimamente invasiva pode ser uma opção de tratamento para a doença da coluna ou para a dor crônica das costas e do pescoço”, defende Cezar Oliveira, que também é membro da Sociedade Brasileira de Coluna.

Em comparação com a cirurgia da coluna aberta tradicional, “a cirurgia da coluna minimamente invasiva utiliza um conhecimento da anatomia importante juntamente com tecnologia de ponta para tratar a condição espinhal, sem causar prejuízos indevidos para os tecidos moles circundantes. A tecnologia assistida por computador, além de ferramentas e instrumentos altamente especializados resultam numa forma de tratamento segura e eficaz contra a dor”, defende o médico.

Dentre as vantagens do emprego da cirurgia minimamente invasiva de coluna, Cezar Oliveira destaca:

  • Menos dor no pós-operatório;
  • Recuperação mais rápida;
  • Perda de sangue reduzida;
  • Menos danos aos tecidos moles;
  • Incisões cirúrgicas menores;
  • Menos cicatrizes;
  • Melhoria da função.

Conversamos com o neurocirurgião sobre o cenário atual do emprego das cirurgias minimamente invasivas de coluna, visando esclarecer as principais dúvidas dos pacientes. Confira:

  1. Quando o paciente deve considerar se submeter a uma cirurgia de coluna?

Cezar de Oliveira – A cirurgia deve ser sempre o último recurso quando se trata do tratamento de doenças da coluna vertebral e de dor crônica no pescoço e nas costas. No entanto, se os vários tratamentos conservadores foram tentados, sem melhora ou piora, ao longo de um período de 6-12 meses, o tratamento cirúrgico parece razoável para certas condições específicas, como a estenose da coluna vertebral, a dor ciática, a espondilolistese ou a escoliose degenerativa. A decisão sobre a cirurgia deve ser individualizada para o paciente e em função dos sintomas do paciente, juntamente com o seu nível de função e de dor.

  1. Como o paciente pode saber que é um candidato a uma cirurgia da coluna minimamente invasiva?

Cezar de Oliveira – O campo da cirurgia da coluna minimamente invasiva continua a crescer. A maioria das cirurgias de hoje pode ser tratada com algum aspecto de cirurgia minimamente invasiva. No entanto, existem certas condições que requerem tratamento padrão aberto, como altos graus de escoliose, tumores e algumas infecções. As melhores indicações devem ser individualizadas para o diagnóstico do paciente e da condição geral do paciente.

  1. Quanto tempo o paciente ficará no hospital?

Cezar de Oliveira – Em geral, a cirurgia da coluna minimamente invasiva reduz o período de internação pela metade. Em uma discectomia endoscópica típica, a cirurgia é realizada no mesmo dia e o paciente pode ir para casa logo após a cirurgia, no mesmo dia. Para vários tipos de cirurgia de fusão lombar, o paciente geralmente vai para casa em 2-3 dias, onde anteriormente ele ficaria no hospital por 5-7 dias. Além disso, o período pós-operatório imediato é marcado por muito menos dor quando se empregam as técnicas minimamente invasivas.

  1. Quando o paciente pode voltar ao trabalho após a cirurgia minimamente invasiva de coluna?

Cezar de Oliveira – A decisão de regressar ao trabalho deve ser individualizada para cada paciente, assim como é a ocupação do paciente. Para pacientes com empregos sedentários, tais como o trabalho de escritório, uma discectomia minimamente invasiva permite que o paciente comece a trabalhar em meio período dentro de 1-2 semanas. Para uma cirurgia maior, tal como uma fusão, isto pode levar 4-6 semanas. De uma maneira geral, o retorno ao trabalho é muito mais rápido quando empregamos as técnicas cirúrgicas minimamente invasivas em comparação com a cirurgia aberta padrão, mas esta decisão é individualizada às necessidades especiais de cada paciente.

  1. Quanto tempo é necessário para a recuperação?

Cezar de Oliveira – A recuperação a partir de cada cirurgia é diferente. Alguns pacientes voltam à plena atividade em 6 semanas, enquanto outros pacientes necessitam de mais tempo. Encorajamos todos os pacientes a participar de um programa de fisioterapia para iniciar com segurança o processo de retorno a todas às suas atividades normais o quanto antes.

  1. Após a cirurgia, quanto tempo vai durar a dor do paciente?

Cezar de Oliveira – Em média, os pacientes que fizeram uma cirurgia da coluna minimamente invasiva se sentem melhores na metade do tempo de uma cirurgia tradicional e a dor geralmente segue esta regra. Cada procedimento tem uma taxa diferente de recuperação.

  1. Após a cirurgia, o paciente terá que usar uma cinta?

Cezar de Oliveira – Embora essa seja a recomendação para a maioria dos pacientes, ela é apenas uma medida de conforto.  O uso das técnicas minimamente invasivas que preservam a função muscular, juntamente com os implantes especializados que atuam como uma cinta interna, permitem evitar ter que usar uma cinta externa. A maioria dos pacientes acha que a cinta melhora a sua dor nas duas primeiras semanas, e, posteriormente, ela só é usada ocasionalmente.

  1. É preciso fisioterapia depois de uma cirurgia de coluna minimamente invasiva?

Cezar de Oliveira – A fisioterapia é um componente importante da recuperação cirúrgica rápida.  Ela é individualizada para o paciente, mas na maioria dos casos, a fisioterapia começou 2-6 semanas após a cirurgia, dependendo da cirurgia e do estado geral do paciente.

  1. É preciso fazer a aplicação de laser durante a cirurgia minimamente invasiva de coluna?

Cezar de Oliveira – A cirurgia da coluna minimamente invasiva utiliza uma grande variedade de técnicas avançadas, incluindo lasers, endoscópios, microscópios de operação, bem como os sistemas de navegação assistida por computador, de modo que os procedimentos normalmente feitos numa cirurgia tradicional podem também ser feitos através de pequenas aberturas. A decisão de usar um ou outro tipo de tecnologia avançada depende da condição individual e da cirurgia realizada.

  1. Quais são as desvantagens das cirurgias minimamente invasivas de coluna em relação às cirurgias tradicionais?

Cezar de Oliveira – A cirurgia da coluna minimamente invasiva é uma promessa significativa em termos de menos dor e recuperação mais rápida. No entanto, é importante ter em mente que esta é uma tecnologia relativamente nova e todas as novas técnicas estão associadas com algum grau de incerteza. Além disso, certas cirurgias minimamente invasivas são altamente técnicas e requerem treinamento significativo, e nos casos em que há uma falta de formação do cirurgião podem ocorrer complicações. Tais complicações podem incluir descompressão inadequada, lesão do nervo, infecção ou dor persistente. No entanto, estes são todos os riscos que estão associados com a cirurgia aberta também. Ocasionalmente, devido à complexidade e aos desafios técnicos da cirurgia minimamente invasiva, as cirurgias podem demorar um longo período de tempo para serem concluídas.

  1. Que tipo de cirurgia minimamente invasiva de coluna tem uma maior taxa de sucesso?

Cezar de Oliveira – Atualmente, os resultados a longo prazo das cirurgias minimamente invasivas ainda não estão bem estabelecidos. Essas avaliações estão em andamento. O sucesso de curto prazo da cirurgia da coluna minimamente invasiva está bem estabelecido. É claro que a cirurgia minimamente invasiva permite uma recuperação mais rápida e retorno mais breve ao trabalho / esportes. Há menos dor no pós-operatório e menor tempo de internação.

  1. A cirurgia da coluna minimamente invasiva é considerada uma cirurgia experimental?

Cezar de Oliveira – Não. As técnicas minimamente invasivas já são utilizadas com sucesso há muitos anos. Contudo, o âmbito, a complexidade e os procedimentos disponíveis continuam a evoluir a um ritmo rápido.

  1. Por que poucos hospitais e cirurgiões executam cirurgias de coluna empregando as técnicas minimamente invasivas?

Cezar de Oliveira – A cirurgia minimamente invasiva é altamente técnica. Isto exige uma formação significativa do cirurgião, bem como de sua equipe. Além disso, o equipamento necessário para realizar esses procedimentos com segurança e eficácia pode ser muito caro.

 FONTE: JORNOW

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